Nutrição, Psicologia

Apetite & Ansiedade

Limites e exemplos

 

A falta de limites é um risco, em muitas áreas da educação de um filho, mas também no que toca à alimentação. Os primeiros cuidados impõem-se logo no primeiro ano de vida, com a introdução de novos ingredientes na dieta infantil, que até aos quatro meses se faz exclusivamente de leite, materno ou não. É então importante oferecer à criança variedade – no sabor e na textura dos alimentos, para que ela vá provando de tudo um pouco e para evitar que crie aversão a alguns deles. É claro que haverá sempre um ou outro que ela rejeita e, nesse caso, convém não a forçar, substituindo esse alimento por outro do mesmo grupo nutricional.

 

Há que respeitar o gosto da criança, mas também não se pode facilitar.

 

A criança precisa de aprender a conhecer os novos sabores para poder aceitá-los, um conhecimento só possível quando o alimento lhe é oferecido várias vezes. Há mesmo estudos que indicam que são precisas dez tentativas para a aceitação do alimento. Por isso, nada de eliminar um determinado alimento da dieta infantil só porque a criança torce o nariz da primeira vez que o prova. Há que insistir e só depois, face a uma recusa sistemática, escolher uma alternativa.

 

Neste processo educativo, é fundamental que pais e filhos partilhem a refeição. Não apenas no sentido de se juntarem à mesa para o almoço e o jantar, mas também no sentido de que todos adultos e crianças – devem comer o mesmo prato, os mesmos alimentos. Se os pais não comem legumes, como convencerão a criança de que são saborosos? Há que dar o exemplo, mesmo que às vezes isso implique alguns amargos de boca… Além de que os miúdos não perdoam – e, mais cedo ou mais tarde, serão eles a chamar a atenção para a incongruência dos pais, deixando-os a braços com uma explicação nem sempre fácil de dar.
Outra regra de ouro é não substituir a refeição quando a criança diz que não gosta e se recusa a comer. É uma tentação correr para a cozinha a prepararlhe o seu petisco preferido, mas o preço a pagar pode ser elevado: é que ela vai perceber que, recusando-se a comer, lhe farão a vontade e vai usar esse trunfo sempre que o almoço não lhe agradar. É uma espécie de chantagem, em que as crianças são peritas, uma armadilha em que os pais caem facilmente.

 

E nisto de chantagens, também os pais caem em tentação: o exemplo mais comum é o de oferecer um pequeno prazer ou recompensa, um doce nomeadamente, em troca de comer a sopa toda. É dar à criança mais uma arma para obter benefícios dos pais. Rapidamente, ela aprenderá a usar a alimentação para chamar a atenção. E provavelmente vencerá, porque filho que não com e é uma dor de cabeça para os pais. Mesmo que custe, o mais correcto é retirar o prato da mesa: não come o que lhe foi proposto, não come mais nada. Até que a fome apertará…

 

É claro que, embora seja importante definir limites, as refeições não devem transformar-se num cenário de conflito. Há formas de as tornar agradáveis e de dar a volta à recusa infantil, investindo, por exemplo, na aparência dos pratos – optando por alimentos de cores diferentes, dispondo-os de uma maneira alegre; ficam mais apetecíveis. Não se trata de mascar os alimentos, apenas de enfeitar um pouco o prato. Quando já são mais crescidinhos, deixá-los participar na confecção das refeições também estimula o seu interesse pela alimentação: se cortaram a cenoura para a sopa, certamente a comerão com mais prazer…

 

Em regra, os pais preocupam-se demasiado com a alimentação dos filhos. Esta é, aliás, uma questão recorrente em consultas médicas, com os pais ansiosos com a possibilidade de os filhos não estarem a comer o suficiente e, em consequência, não se estarem a desenvolver harmoniosamente. Preocupam-se, por assim dizer, por uma boa causa e, muitas vezes, com razão, a justificar, por exemplo, a toma de um suplemento de minerais e vitaminas que estimula o apetite. Todavia, esta é uma decisão que carece de aconselhamento de um profissional de saúde, pois os suplementos, apesar de benéficos, não são inócuos e não devem ser tomados, e muito menos dados às crianças, por iniciativa própria.

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